Gêneros textuais é assunto recorrente nas provas de Português em vestibulares e concursos públicos.
O primeiro passo é entender que classificam em gêneros tanto os textos produzidos nas situações mais comuns da comunicação (notícias, e-mails, cartas, manuais, crônicas, etc.), quanto os textos literários, aqueles que se utilizam dos recursos da literatura, em geral, com uma linguagem mais pessoal e carregada de emoções e valores.
A formação de um gênero textual é influenciada pela função a ser desempenhada, pelo público a que se propõe alcançar, pela mensagem a ser transmitida. Resumindo, o que define tudo é o contexto. Assim, cada gênero comporta variações características em sua coesão textual, na coerência entre seus elementos, na impessoalidade, e na utilização de recursos como a conotação e a denotação (vimos isso em outro post!).
Vejamos então as características de alguns dos gêneros textuais que mais caem em provas e concursos:
O TEXTO ARGUMENTATIVO
Podemos identificar o gênero argumentativo quando há expressão da opinião do autor sobre determinado assunto. Na apresentação das ideias, o autor pode se colocar de maneira direta e pessoal. Isso pode ser percebido com a utilização da 1ª pessoa e/ou de expressões introdutórias que exprimem opiniões pessoais, como “na minha opinião”, “penso que”, etc.. Mas fique atento, porque este gênero pode-se apresentar ainda de maneira impessoal, fazendo uso da 3ª pessoa e de expressões como “convém lembrar”, “é provável que”, etc.
Em geral, os textos argumentativos apresentam três partes essenciais: a introdução, em que é apresentada a ideia principal a ser trabalhada no texto; o desenvolvimento, em que o autor apresenta os argumentos que fundamentam o ponto de vista defendido e a conclusão, em que se confirma e retoma a ideia principal apresentada.
O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
Atenção para este, pois é o gênero textual mais cobrado nos vestibulares e concursos públicos. A avaliação geralmente paira não só sobre o vocabulário do autor e as ideias expostas, mas também em torno da sua capacidade de concatená-las (= estruturá-las) logicamente e da maneira como utiliza as palavras e seus sentidos.
No texto dissertativo, o autor discorre sobre determinado tema explicando cada parte. Geralmente, a dissertação está relacionada com a transmissão de conhecimento e não com a persuasão sobre um ponto de vista. De outro lado se encontram os textos argumentativos que, como vimos, visam primordialmente à defesa de uma opinião. O texto dissertativo-argumentativo é aquele que, além de trazer informações e explicações sobre determinado assunto, traz também o posicionamento do autor no sentido de persuadir o interlocutor.
Assim como os textos argumentativos, convencionalmente, dividem-se em três partes (introdução, desenvolvimento e conclusão). Há o predomínio da linguagem clara, objetiva e impessoal apresentada com o uso do padrão culto e formal.
O TEXTO PUBLICITÁRIO
É um tipo de texto argumentativo construído com a finalidade de persuadir e seduzir o interlocutor. Para tanto, utiliza-se, na maioria das vezes, a linguagem verbal combinada com a visual que apontam para as eventuais vantagens no consumo de determinado produto ou ideia. A linguagem utilizada pode variar de acordo com o público-alvo, mas é quase sempre direta, clara e enxuta, marcada pelo uso da função apelativa (direcionada ao interlocutor), trocadilhos, jogos de palavras, metonímias, metáforas e da ambiguidade.
A NOTÍCIA E A REPORTAGEM
A notícia é um gênero jornalístico que possui o objetivo de informar sobre um novo acontecimento despertando o interesse do leitor da mensagem. Não se limita a informar sobre o fato, mas também sobre a maneira como aconteceu e o porquê.
Em geral, divide-se em duas partes: o lead ( ou "lide"), que resume em poucas linhas as infromações essenciais sobre o fato (o quê, como, onde, com quem, por quê...), e o corpo, em que se faz o detalhamento do fato. A linguagem sempre é objetiva, clara e direta.
A reportagem, por sua vez, vai além da notícia, trazendo em seu corpo não só o detalhamento do fato, mas também a análise de fatos correlatos e o aprofundamento sobre os impactos do acontecido. Embora utilize-se, como na notícia, a linguagem impessoal, na reportagem quase sempre é possível perceber a opinião ou a interpretação do repórter sobre o assunto.
A CRÍTICA
A crítica, em geral, aparece em jornais e revistas e destina-se à análise qualitativa de um objeto cultural (livro, filme, peça, show, etc.), sobre o qual também é apesentado um conjunto de informações. Este gênero textual também pode ser chamado de resenha crítica e é essencialmente argumentativo. O vocabulário adotado varia conforme o público-alvo.
A CRÔNICA
Este é um gênero textual híbrido, que oscila entre elementos jornalísticos e literários. Surgida no Brasil há cerca de 150 anos com o desenvolvimento da imprensa, a crônica aparece entre as notícias jornalísticas inspirada no dia a dia, tanto pelos temas cotidianos, quanto pela linguagem livre e despojada. Opondo-se à objetividade e à impessoalidade do texto jornalístico, a crônica é marcada pela subjetividade do autor.
Apresenta-se em geral em um texto leve e curto, com espaço e tempo limitados e com poucos personagens. Pode-se usar a 1ª ou 3ª pessoa.
O POEMA
É uma forma de composição textual marcada pela utilização do verso, cada verso corresponde em geral a uma linha do poema e o agrupamento de versos é chamado de estrofe. O texto poético é construído com a utilização de recursos como a rima, a métrica e o ritmo, no sentido de sugerir formas, imagens e sons. Há na poesia o predomínio da função poética, que explora o sentido conotativo da linguagem, privilegiando, desta forma, uma multiplicidade de leituras e interpretações.
O ROMANCE
É um dos gêneros narrativos mais utilizados na produção literária, principalmente a partir do século XIX. Em geral, apresenta a narrativa de uma trama com diversos personagens desenvolvida em tempo e espaço amplos. Comumente associado ao Romantismo, por ser uma das principais formas de expressão do movimento, também apareceu com muita força em diversos outros movimentos literários, oferecendo, por exemplo, o espaço ideal para que se desenvolvessem as críticas e análises sociais típicas do Realismo e do Naturalismo.