sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Exercícios: Figuras de Linguagem

Agora que você está craque em Figuras de Linguagem, que tal testar seus conhecimentos? Mãos à obra!

1 – (UFPE) Assinale a alternativa em que o autor NÃO utiliza prosopopeia.

a) “A luminosidade sorria no ar: exatamente isto. Era um suspiro do mundo.” (Clarice Lispector)

b) “As palavras não nascem amarradas, elas saltam, se beijam, se dissolvem…” (Drummond)

c) “Quando essa não-palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu.” (Clarice Lispector)

d) “A poesia vai à esquina comprar jornal”. (Ferreira Gullar)

e) “Meu nome é Severino, Não tenho outro de pia”. (João Cabral de Melo Neto)

2 – (FUVEST) A catacrese, figura que se observa na frase “Montou o cavalo no burro bravo”, ocorre em:


a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo.

b) Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura.

c) Apressadamente, todos embarcaram no trem.

d) Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.

e) Amanheceu, a luz tem cheiro.



3 – (UFF) TEXTO


Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra.

Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.

(ASSIS, Machado fr. Quincas Borba. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira/INL, 1976.)


Assinale dentre as alternativas abaixo, aquela em que o uso da vírgula marca a supressão (elipse) do verbo:

a) Ao vencido, ódio ou compaixão, ao vencedor, as batatas.

b) A paz, nesse caso, é a destruição(…)

c) Daí a alegria da vitória, os hinos, as aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas.

d) (…) mas, rigorosamente, não há morte(…)

e) Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se(…)



4 – (UFPE)


DESCOBERTA DA LITERATURA

No dia-a-dia do engenho/ toda a semana, durante/

cochichavam-me em segredo: / saiu um novo romance./

E da feira do domingo/ me traziam conspirantes/

para que os lesse e explicasse/ um romance de barbante./

Sentados na roda morta/ de um carro de boi, sem jante,/

ouviam o folheto guenzo, / o seu leitor semelhante,/

com as peripécias de espanto/ preditas pelos feirantes./

Embora as coisas contadas/ e todo o mirabolante,/

em nada ou pouco variassem/ nos crimes, no amor, nos lances,/

e soassem como sabidas/ de outros folhetos migrantes,/

a tensão era tão densa,/ subia tão alarmante,/

que o leitor que lia aquilo/ como puro alto-falante,/

e, sem querer, imantara/ todos ali, circunstantes,/

receava que confundissem/ o de perto com o distante,/

o ali com o espaço mágico,/ seu franzino com gigante,/

e que o acabasse tomando/ pelo autor imaginante/

ou tivesse que afrontar/ as brabezas do brigante./

(…)

João Cabral de Melo Neto


Sobre as figuras de linguagem usadas no texto, relacione as duas colunas abaixo:

1ª COLUNA                                                    2ª COLUNA

(1) Romance de barbante                         ( ) Pleonasmo

(2) Roda morta; folheto guenzo             ( ) Metáfora

(3) Como puro alto-falante                       ( ) Comparação

(4) Perto/distante                                       ( ) Metonímia

Ali/espaço mágico

Franzino/gigante

(5) Cochichavam-me em segredo             ( ) Antítese

A ordem correta é:

a) 1, 2, 3, 4, 5

b) 5, 2, 3, 1, 4

c) 3, 1, 4, 5, 2

d) 2, 1, 3, 4, 5

e) 2, 4, 5, 3, 1








  • 5 – (ANHEMBI)


    “A novidade veio dar à praia

    na qualidade rara de sereia

    metade um busto de uma deusa maia

    metade um grande rabo de baleia

    a novidade era o máximo

    do paradoxo estendido na areia

    alguns a desejar seus beijos de deusa

    outros a desejar seu rabo pra ceia

    oh, mundo tão desigual

    tudo tão desigual

    de um lado este carnaval

    do outro a fome total

    e a novidade que seria um sonho

    milagre risonho da sereia

    virava um pesadelo tão medonho

    ali naquela praia, ali na areia

    a novidade era a guerra

    entre o feliz poeta e o esfomeado

    estraçalhando uma sereia bonita

    despedaçando o sonho pra cada lado”

    (Gilberto Gil – A Novidade)


    Gilberto Gil em seu poema usa um procedimento de construção textual que consiste em agrupar idéias de sentidos contrários ou contraditórios numa mesma unidade de significação. A figura de linguagem acima caracterizada é:

    a) Metonímia.

    b) Paradoxo.

    c) Hipérbole.

    d) Sinestesia.

    e) Sinédoque.

    6 – (ANHEMBI)


    “A novidade veio dar à praia

    na qualidade rara de sereia

    metade um busto de uma deusa maia

    metade um grande rabo de baleia

    a novidade era o máximo

    do paradoxo estendido na areia

    alguns a desejar seus beijos de deusa

    outros a desejar seu rabo pra ceia

    oh, mundo tão desigual

    tudo tão desigual

    de um lado este carnaval

    do outro a fome total

    e a novidade que seria um sonho

    milagre risonho da sereia

    virava um pesadelo tão medonho

    ali naquela praia, ali na areia

    a novidade era a guerra

    entre o feliz poeta e o esfomeado

    estraçalhando uma sereia bonita

    despedaçando o sonho pra cada lado”

    (Gilberto Gil – A Novidade)


    Assinale a alternativa que ilustre a Figura de Linguagem descrita na questão anterior:

    a) “A novidade veio dar à praia/na qualidade rara de sereia”

    b) “A novidade que seria um sonho/o milagre risonho da sereia/virava um pesadelo tão medonho”

    c) “A novidade era a guerra/entre o feliz poeta e o esfomeado”

    d) “Metade o busto de uma deusa maia/metade um grande rabo de baleia”

    e) “A novidade era o máximo/do paradoxo estendido na areia”

    7 – (ANHEMBI) Tenho fases

    Fases de andar escondida,

    fases de vir para a rua…

    Perdição da minha vida!

    Perdição da vida minha!

    Tenho fases de ser tua,

    tenho outras de ser sozinha.

    Fases que vão e que vêm,

    no secreto calendário

    que um astrólogo arbitrário

    inventou para meu uso.

    E roda a melancolia

    seu interminável fuso!

    Não encontro com ninguém

    (tenho fases, como a lua…)

    No dia de alguém ser meu

    não é dia de eu ser sua…

    E, quando chega esse dia,

    outro desapareceu…

    (Lua Adversa – Cecília Meireles)


    Indique a alternativa que não contenha a mesma figura de linguagem presente nesse verso do poema:

    a) “O meu olhar é nítido como um girassol” (Alberto Caeiro)

    b) “Meu amor me ensinou a ser simples como um largo de igreja” (Oswald de Andrade)

    c) A casa dela é escura como a noite.

    d) Ele é lerdo como uma lesma.

    e) A tristeza é um barco imenso, perdido no oceano.

    8 – (UFPB) Um dia, o Simão me chamou: – “Vem ver. Olha ali”. Era uma mulher, atarracada, descalçada, que subia o caminho do morro. (Diante do Sanatorinho havia um morro. Os doentes em bom estado podiam ir até lá em cima, pela manhã e à tarde.) Lembro-me de que, de repente, a mulher parou e acenou para o Sanatorinho. Não sei quantas janelas retribuíram. E o curioso é que, desde o primeiro momento, Simão saltou: – “É minha! Vi primeiro!”.

    Uns oitenta doentes tinham visto, ao mesmo tempo. Mas o Simão era um assassino. Como ele próprio dizia, sem ódio, quase com ternura, “matei um”. E o crime pretérito intimidava os demais. Constava que trouxera, na mala, com a escova de dentes, as chinelas, um revólver. Naquela mesma tarde, foi para a cerca, esperar a volta da fulana. E conversaram na porteira. Simão voltou, desatinado. Conversara a fulana. Queria um encontro, na manhã seguinte, no alto do morro.

    A outra não prometera nada. Ia ver, ia ver. Simão estava possesso: – “Dez anos!”, e repetia, quase chorando: – “Dez anos não são dez dias!”. Campos do Jordão estava cheio de casos parecidos. Nada mais cruel do que a cronicidade de certas formas de tuberculose. Eu conheci vários que haviam completado, lá na montanha, um quarto de século. E o próprio Simão falava dos dez anos como se fosse esta a idade do seu desejo.

    Na manhã seguinte, foi o primeiro a acordar. (…) Havia uma tosse da madrugada e uma tosse da manhã. Eu me lembro daquele dia. Nunca se tossiu tanto. Sujeitos se torciam e retorciam asfixiados. E, súbito, a tosse parou. Todo o Sanatorinho sabia que, no alto do morro, o Simão ia ver a tal mulher do riso desdentado. E justamente ela estava subindo a ladeira. Como na véspera, deu adeus; e todas as janelas e varandas retribuíram. Uma hora depois, volta o Simão. Foi cercado, envolvido: – “Que tal?”. Tinha uma luz forte no olhar: – “Tem amanhã outra vez”. Durante todo o dia, ele quase não saiu da cama: – sonhava. Às seis, seis e pouco, um médico entra na enfermaria. Falou pra todos: – “Vocês não se metam com essa mulher que anda por aí, uma baixa. Passou, hoje de manhã, subiu a ladeira. É leprosa”. Ninguém disse nada. O próprio Simão ficou, no seu canto, uns dez minutos, quieto. Depois, levantou-se. No meio da enfermaria, como se desafiasse os outros, disse duas vezes: – “Eu não me arrependo, eu não me arrependo”.

    (RODRIGUES, Nelson. A menina sem estrela. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 132-3.)


    A partir da convenção seguinte:

    I.Animização

    II.Metáfora

    III.Metonímia

    IV.Silepse

    Preencha os parênteses com a adequada classificação das figuras de linguagem:

    ( )”… e todas as janelas e varandas retribuíram.”

    ( )”Campos do Jordão estava cheio de casos parecidos.”

    ( )”… Simão ia ver a tal mulher do riso desdentado.”

    A seqüência correta encontra-se em

    a) I, III, II.

    b) I, IV, II.

    c) II, III, II.

    d) III, IV, II.

    e) III, IV, III.

    9 – (UFPE) Nos enunciados abaixo, a palavra destacada NÃO tem sentido conotativo em:

    a) A comissão técnica está dissolvida. Do goleiro ao ponta-esquerda.

    b) Indispensável à boa forma, o exercício físico detona músculos e ossos, se mal praticado.

    c) O melhor tenista brasileiro perde o jogo, a cabeça e o prestígio em Roland Garros.

    d) Sob a mira da Justiça, os sorteios via 0900 engordam o caixa das principais emissoras.

    e) Alta nos juros atropela sonhos da classe média.

    10 – (UFPA) Tecendo a manhã


    Um galo sozinho não tece uma manhã:

    ele precisará sempre de outros galos.

    De um que apanhe o grito que um galo antes

    e o lance a outro; e de outros galos

    que com muitos outros galos se cruzem

    os fios de sol de seus gritos de galo,

    para que a manhã, desde uma teia tênue,

    se vá tecendo, entre todos os galos.

    E se encorpando em tela, entre todos,

    se erguendo tenda, onde entrem todos,

    se entretendendo para todos, no toldo

    (a manhã) que plana livre de armação.

    A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

    que, tecido, se eleva por si: luz balão.

    (MELO, João Cabral de. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979)


    Nos versos

    “E se encorpando em tela, entre todos,

    se erguendo tenda, onde entrem todos,

    se entretendendo para todos, no toldo…”

    tem-se exemplo de

    a) eufemismo

    b) antítese

    c) aliteração

    d) silepse

    e) sinestesia




    Gabarito:


    1-e 2-c 3-a 4-b 5-b 6-b 7-e 8-e 9-b 10-c

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