segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Getúlio suicidou ou suicidou-se?




"Se" ou não "se", eis a questão. Tirando o péssimo trocadilho, se olharmos para a raíz etimológica do verbo, percebemos que o pronome reflexivo "se" é totalmente dispensável. O verbo "suicidar-se" vem do latim sui ("a si" = pronome reflexivo) + cida (= que mata). Isso significa que "suicidar" já é "matar a si mesmo". Então nesse caso, o título da notícia  abaixo estaria errado?


A frase está correta. Se observarmos o uso contemporâneo deste verbo, não restará dúvida: ninguém diz "ele suicida" ou "eles suicidaram". O uso do pronome reflexivo "se" junto ao verbo está mais que consagrado em nosso idioma. É, na verdade, um pleonasmo (figura de linguagem que expressa redundância, repetição) irreversível.

O verbo "suicidar-se" faz parte dos chamados verbos pronominais como verbos "arrepender-se", "esforçar-se", "dignar-se". Depois teremos um post só para eles, não se preocupem.

Atenção! Não existe "autocontrolar-se". O prefixo auto vem do grego e significa "a si mesmo". Existe o substantivo "autocontrole" (= controle de si mesmo"), mas não há registro do verbo "autocontrolar-se". Se você quer "controlar a si mesmo", basta "controlar-se". Seria redundância demais, não é mesmo

Vocabulário

Já que estamos falando de suicídio, vamos aumentar nosso vocabulário lembrando que as palavras terminadas pelo elemento latino "cida" apresentam essa ideia (sem aceito segundo o Novo acordo) de "matar":

formicida - que mata formigas; inseticida - que mata insetos; homicida - que mata homens; parricida - quem mata o pai; matricida - quem mata a mãe; fatricida - quem mata o irmão; filicida - quem mata o filho; infanticida - quem mata criança, especialmente recém-nascido; uxoricida - quem mata a esposa; mariticida - quem mata o marido.

Bons estudos!

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