sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Figuras de linguagem: SILEPSE


Silepse é a figura de linguagem em que a concordância não é feita de acordo com as palavras que efetivamente aparecem na oração, mas segundo a ideia a elas associam ou segundo um termo subentendido. A silepse pode ser de gênero, número ou pessoa.

SILEPSE DE GÊNERO (masc./fem.)

Ex. Vossa Excelência está admirado do fato?

O pronome de tratamento “Vossa Execelência” é feminino, mas o adjetivo “admirado” está no masculino. Ou seja, concordou com a pessoa a quem se referia (no caso, um homem). Aqui temos o feminino e o masculino, logo, silepse de gênero.

SILEPSE DE NÚMERO (singular/plural)

Ex.: Aquela multidão gritavam diante do ídolo.

Multidão está no singular, mas o verbo está no plural.
“Gritavam” concorda com a ideia de plural que está em “multidão”.

Mais exemplos:

A maior parte fizeram a prova.
A grande maioria estudam uma língua.

SILEPSE DE PESSOA

Ex.: Todos estávamos nervosos.

Esta frase levaria o verbo normalmente para a 3ª pessoa (estavam – eles) mas a concordância foi feita com a 1ª pessoa (nós). Temos aqui 2 pessoas (eles e nós) logo, silepse de pessoa.

Mais exemplos:

As duas comemos muita pizza. (elas – nós)
Todos compramos chocolates e balas. (eles – nós)
Os brasileiros sois um povo solidário. (eles – vós)
Os cariocas somos muito solidários. (eles – nós)

Atenção! Muitas vezes a Silepse é confundida com erro gramatical. Por isso, antes de apontá-la como errada, deve-se antes se certificar se, no contexto, não se trata de uma figura de linguagem.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O uso do verbo haver como impessoal

O uso do verbo "haver" é um pesadelo para os estudantes! Você já sabe tudo sobre ele? Se não, inicie seus estudos já, pois é quase certo cair questões com o verbo "haver" em concursos públicos e no Enem!

Vamos lá. De suas 26 possibilidades de uso que registra o dicionário Houaiss, duas são de especial importância e, diga-se de passagem, são as que mais caem em provas de português! As duas possibilidades são: o verbo HAVER no sentindo de existir e no sentido de tempo decorrido.

1. O verbo “haver” nos sentidos de “existir”, “acontecer”, “ocorrer” é um verbo impessoal, ou seja, não possui sujeito, e é empregado na terceira pessoa do singular, independente do tempo verbal. Veja:

Ex.:
Havia pássaros no céu.
muitas vagas ainda.
Não sei se ainda , mas havia muitas vagas.
Não haverá mais pássaros no céu se continuarmos a destruir seu habitat.

Atenção! É muito comum o emprego do verbo “haver” no passado de maneira errada:

Houveram vários pedidos de paz no mundo ou Nesta escola, houveram muitos alunos que passaram no vestibular.

Chega a doer os ouvidos! O interessante é que quando se trata de outros verbos, os quais necessitam das regras normativas de concordância verbal, ocorre justamente o contrário, como no caso:

Ex.: Falta trinta reais para comprar meu vestido. (errado)
Faltam trinta reais para comprar meu vestido. (certo)

Ou:

Quanto falta para cinquenta reais? Falta dez. (Faltam dez.)

Vale lembrar que nas locuções verbais o verbo “haver” transfere a impessoalidade ao seu auxiliar e, portanto, permanecem ambos no singular. Observe:

Ex.: Deve haver um modo de sairmos daqui.
Não sei se chegou a haver notícias sobre essa enchente em Minas.

Outra situação que merece destaque é do verbo “ter” no sentido de “haver”. Não é um uso oficial na norma escrita padrão, mas  dizer que, neste caso, o verbo “ter” deve seguir a mesma condição do “haver”.
Ex.:
No clube tinha (havia) muitas crianças.
Tem (há) pessoas não se preocupam em julgar as pessoas precipitadamente.
Na reunião teve (houve) várias questões em pauta.

2. O verbo "haver" no sentido de tempo decorrido também deve ser impessoal. veja:
Ex.:
dois anos que não o vejo.
No campo filosófico o debate está aceso vários anos.
Faz tempo que não a vejo, pois dias não vem trabalhar.

O verbo "haver" no sentido de tempo transcorrido é impessoal e possui transitividade direta, assim como no sentido de existir. Por isso, deve permanecer sempre na 3ª pessoa do singular.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Entenda Regência verbal sem mistérios


O estudo da Regência é de suma importância para ler e escrever bem. Na gramática, a regência consiste na relação necessária que se estabelece entre duas palavras, uma das quais servindo de complemento a outra (dependência gramatical).

TERMO REGENTE = palavra principal a que outra se subordina.

TERMO REGIDO = palavra dependente que serve de complemento e que se subordina ao TERMO REGENTE.

Existem dois tipos de regência: a verbal e a nominal. Neste post, trataremos apenas da regência verbal, que corresponde à relação de dependência entre verbos, como o próprio nome já diz.

Assim, a relação entre o verbo (termo regente) e o seu complemento (termo regido) chama-se REGÊNCIA VERBAL, orientada pela transitividade dos verbos, que podem ser diretos ou indiretos, ou seja, exigindo um complemento na forma de objeto direto ou indireto. Ver transitividade verbal.

Relebrando:
O OBJETO DIRETO é o complemento do verbo que não possui preposição e que também pode ser representado pelos pronomes oblíquos "o", "a", "os", "as". Já o OBJETO INDIRETO vem acrescido de preposição e igualmente pode ser representado pelos pronomes "lhe", "lhes". Cuidado, porém, com alguns verbos, como "assistir" e "aspirar", que não admitem o emprego desses pronomes. Os pronomes "me", "te", "se", "nos" e "vos" podem, entretanto, funcionar como objetos diretos ou indiretos.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sintaxe: Como reconhecer Sujeito e Predicado nas orações


Para se dar bem na análise sintática, é preciso saber diferenciar o sujeito do predicado. Muitos alunos erram uma questão inteira de sintaxe por não identificarem corretamente o sujeito e o predicado, o que é o mais fácil. Reconhecidos sujeito e predicado, é fácil entender concordância, regência, voz passiva, voz ativa, e uma infinidade de assuntos em ligados à Gramática e a Interpretação de textos.

Então, vamos às definições. Grosso modo, o sujeito é o termo da oração sobre o qual informamos alguma coisa.

Ex: O José foi comprar babanas.

A oração informa que alguém (José) foi comprar bananas. Como José é uma pessoa fica fácil. Entretanto, devemos entender que sujeito é todo termo da frase que pratica uma ação. Na frase acima o sujeito é: “José”.

Agora vamos definir o núcleo do sujeito. Núcleo do sujeito é a palavra mais importante do sujeito, o que não pode ser tirado, o ssencial. Imagine uma laranja nada dentro, somente a casca. Sobra só a casca, não servindo para nada. Em “O José foi comprar bananas.” O sujeito é : “O José” e o núcleo do sujeito é: “José”, pois entre o artigo "o" e o substantivo "José" o termo mais relevante é "José".

Existem 5 classificações (ou tipos) de sujeito: simples, composto, desinencial, indeterminado e oração sem sujeito. Vejamos cada uma delas:

1- Simples: possui apenas 1 núcleo.

Ex. Nós vamos à praia.

O cachorro dorme o dia todo.
2- Composto: possui 2 ou mais núcleos.

Ex: Maria e Pedro chegaram da festa exaustos.

Participaram da competição o professor e os alunos.
Atenção! Repare que nem sempre, o sujeito está no início da frase!

3- Desinencial: não está explícito na frase, mas é facilmente identificado pela terminação do verbo.

Ex. Falei com ele ontem. Veja que pela desinência do verbo "falei", o sujeito só pode ser "eu".
Atenção! O sujeito desinencial também é conhecido como oculto.

4- Indeterminado: não podermos identificá-lo.

Há duas maneiras de indeterminar o sujeito:

1ª) O verbo é posto na 3ª pessoa do plural e não há nenhum outro termo na frase que nos forneça informações para identificá-lo.

Ex. Cortaram a grama.

Falaram mal do Pedro. Quem falou? Quam cortou?
2ª) O verbo é posto no singular juntamente com a partícula "se" (índice de indeterminação do sujeito).

Ex. Precisa-se de manicure.
E o predicado? Ora, é tudo (absolutamente tudo) o que se fala do sujeito. Para estudar o predicado é preciso conhecer algumas noções de predicação verbal.

Há verbos que expressam ação (chamados de significativos). São eles:

- Verbo transitivo direto

- Verbo transitivo indireto


- Verbo transitivo direto e indireto


- Verbo intransitivo

Há verbos que expressam estado e que são chamados de verbos de ligação. Mas isso já é assunto para outro post.

Nada de cacófatos na redação!

Quem nunca falou um cacófato atire a primeira pedra! Esse nome feio, cacófato, é palavra de origem grega que significa mau som. Um cacófato se forma pela aproximação de sílabas de duas ou mais palavras, criando uma nova palavra que, em boa parte, é desagradável. Vejamos alguns exemplos:

A mais tradicional é "ela tinha". A famosa latinha. Há muitas latinhas, para todos os lados.
E que tal a frase: É aquele guri lá. Uma denúncia, por evidente, mas há um gorila no meio, o que pode piorar a situação.

De qualquer maneira não pense nunca nisso. Pensar em caniços pode ser bom, mas devemos esperar a hora de pescar.

Pescaria lembra comida, e que tal na vez passada. Uma vespa assada não deve ser bom negócio.

Vou-me já. Falta de educação. Há coisas que não se dizem em qualquer lugar. Para evitar esse "mijá", que tal dizer "Eu já vou"?

Pagou cem reais por cada.
Gosta-se muito dos porcos. Depois do suíno, já visto, aparece agora uma porcada, algo assim como um monte de porcos. Diga, em legítimo português: "Cada um custou a ele cem reais".
Dica: Na língua falada, é comum ouvir esses sons não muito agradáveis, mas em uma redação isso não pode aparecer! Por isso, leia e releia sua redação antes de entregar, tentando ouvir o som das palavras.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Figuras de linguagem: HIPÉRBATO

HIPÉRBATO é a alteração da ordem mais comum das palavras, prejudicando a clareza da expressão, com o objetivo de pôr em destaque um vocábulo ou expressão, ou por motivos eufónicos (rima, ritmo), ou ainda para produzir efeitos de surpresa.

Exemplos:
Correm pelo parque as crianças da rua.
Na escada subiu o pintor.

As duas orações estão na ordem inversa. O hipérbato consiste na inversão dos termos da oração.

Na ordem direta ficaria:

As crianças da rua correm pelo parque.
O pintor subiu na escada.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Figuras de linguagem: PLEONASMO


O PLEONASMO geralmente é classificado como uma figura de linguagem, mas também pode ser um vício de linguagem em determinadas situações, geralmente quando não é proposital.  Consiste em uma redundância (proposital ou não), uma repetição de ideias em uma expressão, enfatizando-a.

Na oração: “Ela cantou uma canção linda!”, houve o emprego de um termo desnecessário, pois quem canta, só pode cantar uma canção, certo?

Na famosa frase: “Vi com meus próprios olhos.”, também ocorre o mesmo.

Outros exemplos:

Minha felicidade eu a conquistei.

A mim me parece certa a observação que ele fez.


Pleonasmos viciosos:


Subir para cima Se está subindo, só pode ser para cima.
Descer para baixo Se está descendo, é claro que é para baixo.
Aviso a avisar Se está a mandar um aviso, é claro que é para avisar.
Entrar para dentro Se está entrando, é para dentro.
Sair para fora Se está saindo, obvio que é para fora.


Atenção! Esse tipo de pleonasmo é bom evitar quando for escrever a redação. Confira a lista completa de pleonasmos viciosos aqui.


Pleonasmos literários:
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal"

(Fernando Pessoa)

"O cadáver de um defunto morto que já faleceu"
(Roberto Gómez Bolaños)

"E rir meu riso"
(Vinícius de Moraes)